quinta-feira, 16 de dezembro de 2010






O comedimento grita sussurrando

O sussurro disfarça com pausas o sem jeito do estar

Lá vai ela se acumulando em molhos de córregos para desaguar no sorriso embaraçado, seu jeito mínimo!

Tenho de ter dedos na fala pra dizer com cuidado

Cuidado que não se esforça, deita sombra sobre a paciência e adverte o sol abrasador da urgência

Um trava corpo desajeita o abraço, que já de laço, da voltas abraçando pano pra manga, no colarinho tenta insígnia de discrição

Oculto nela, em mim culto em devassidão!

Amarro os lábios pra soltar na esperança louvores de futuro arrebatamento

Recato antigo de Ceci, disposto diante de um Macunaíma que flechado por tupã que cai polido como Peri

Na pele uma constelação que arde galáxia, divina digital estelar! Que marcou de uma Seuratiniana impressionista o luminoso céu ruivo. Eu tonto uivo tentando tecer uma astrologia que forneça um mapa astral que me ponha ascendente em virgem

À deriva sobre esse calmo e imprevisível mar, vou com dedo a riste catalogando e batizando com Deuses gregos cada sinal de terra firme, para desembarcar e estabelecer morada sobre uma terra que emane leite e mel

Como Salomão te canta com sagrado velar, esse alaúde sagrado que soa por entrelinhas é a nota que ando buscando pra compor o louvor que mexa seus trigais avermelhados

Vento brando sopro pra disfarçar tornados submersos e subentendidos

Pergunta que vem resposta perguntada, revela ação do estar disposta, e de quando enquanto a seguir vamos de leve dançando com a musica mais apropriada para festejar o alvorecer

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010


Movem-se as placas constituindo novas geografias

O terreno adquire nova topografia

Da tranqüilidade linear das sísmicas previsíveis, levanta-se o leviatâ,revolvendo a placidez das águas estagnadas

Vou aos poucos migrando nômade da zona de conforto para um lugar que extrai em mim a dinâmica atrofiada, azeito o charme esquecido no espelho e lubrifico a malicia afiando a língua

Mas ao sair da intervenção bélica, trago a terra arrasada embutida e cavo trincheira em pleno estado de paz

Com a paranóia dos sitiados armo estratégias de fuga, ataques e defesas

Acabo fazendo do abrigo do feriado languidez de luto, tendo espasmo de por vir

Ainda choro a falta do colostro afastado

Na centrífuga choro as mesmas lagrimas, matriz de todas as dores escorre pelo mesmo canal

Hoje se revela o corte suplicante de sutura e na saturação da dor, amanhã poderei dormir cicatriz fina

Empilho espinhos em um canto e aos poucos desembaraço o fio espinhento diante do luminario, o tempo vaza para fora da dor, mais seu visgo me prende pelos lábios e céu de carne

O luto tem uma melancolia santa que mistifica a chaga em vernáculos vulgar nas mais bem elaboradas intenções poéticas

Gira o tabuleiro, mas as peças continuam as mesmas, cartas se blefe, vitória sem laureados, enfio o pé na espera do sudoeste com seus ventos purificadores