quarta-feira, 1 de dezembro de 2010


Movem-se as placas constituindo novas geografias

O terreno adquire nova topografia

Da tranqüilidade linear das sísmicas previsíveis, levanta-se o leviatâ,revolvendo a placidez das águas estagnadas

Vou aos poucos migrando nômade da zona de conforto para um lugar que extrai em mim a dinâmica atrofiada, azeito o charme esquecido no espelho e lubrifico a malicia afiando a língua

Mas ao sair da intervenção bélica, trago a terra arrasada embutida e cavo trincheira em pleno estado de paz

Com a paranóia dos sitiados armo estratégias de fuga, ataques e defesas

Acabo fazendo do abrigo do feriado languidez de luto, tendo espasmo de por vir

Ainda choro a falta do colostro afastado

Na centrífuga choro as mesmas lagrimas, matriz de todas as dores escorre pelo mesmo canal

Hoje se revela o corte suplicante de sutura e na saturação da dor, amanhã poderei dormir cicatriz fina

Empilho espinhos em um canto e aos poucos desembaraço o fio espinhento diante do luminario, o tempo vaza para fora da dor, mais seu visgo me prende pelos lábios e céu de carne

O luto tem uma melancolia santa que mistifica a chaga em vernáculos vulgar nas mais bem elaboradas intenções poéticas

Gira o tabuleiro, mas as peças continuam as mesmas, cartas se blefe, vitória sem laureados, enfio o pé na espera do sudoeste com seus ventos purificadores

Nenhum comentário:

Postar um comentário