quinta-feira, 16 de abril de 2009


Filme pela metade

Uma maçã descascada de seu rubor ateava atenção em meu olhar adâmico, nem cem Evas seriam capazes de incitar distração em minhas retinas.
Seus negros cabelos cortados na altura do maxilar davam uma projeção horizontal aos lábios em uma arrebitada e sutil mão francesa dando o acabamento
Os olhos cintilavam um pudor arrítmico driblando assim os gêiseres embutidos na timidez
Saltavam na tela uma trama leve, em meio a uma profusão de personagens Dostoieviskianos, paradoxo que assopravam uma emoção contemplativa inquieta como aquela que sinto após um quadro findo
De alguma forma eu criava a obra com o autor naquele momento, o que uns sintetizadores de plantão arrogantemente chamariam de catarse.
No entanto um menino lorinho diante de uma estatua viva pro-fere: Quando o dedo aponta o céu o idiota olha o dedo!
Deste momento por diante os olhos intumescido deixam oblíquos todos os pontos de foco
Acordo instantaneamente do minarete de sete céus e mergulho no turvo espiral dos véus espectrais
O dedo em riste do petrificado aponta um céu impressionista com tantos detalhes que nem o distanciamento e capaz de criar a ilusão de esquecimento
Já passei por todas as dez direções dos dedos, e quando suplantado pelo cômodo de espera fitando as suposições dos dedos dos pés aparece uma nesga de você, atiro as mãos pra todos os ângulos como uma rosa dos ventos débil em uma vã busca de norte

Você não tem ossos de vidro porem o tempo pode vitrificar seus sentimentos como meus ossos!


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