quinta-feira, 16 de abril de 2009


Morro do BOREL
Neguim miúdo, anelando na mente as glorias do bagulho doido do cotidiano querendo muito da pouca oferta, das grimpas da decisão balança na incerteza, expandindo o território e diminuindo o campo de visão.
Nas rodas da lotação o pulmão leva resina e anestesia o fiel coração que abandona a sola do pé pedindo reconciliação com o peito
Dos pá puns do batidão aos acordes sincopados do samba canção
É só uma ponte que divide a baia como uma tiara no rio grande
O piloto respeita a gravidade mais o trocador parceiro de carburação ameaça decolar e assume o caixapante descansando o troco
Dona Leopoldina cruza suas avenidas como cruza as pernas e no novo rio o caminho do borel fica no tijuquinha vazio de gente e cheio de noite que sente a lua clarear os zincos pisados por gatos vira-latas
Os prédios povoam as pupilas delatadas e espremidas pelo serrar dos olhos no lusco-fusco das luzes as camadas de paredões prediais se banguelam-se para mostras o céu da boca da cidade
Apeando do lotação são Miguel nos convida estendendo sua avenida, mais sugado pela viela sumimos da proteção nas veias do morro com o morro na veia.
Jogo ronda noturna com o descanso do Búiu e dos lucros já penso na fama e no tubo de um real lançando neve no verão
Da laje miro a avenida, portal pro bem e mal da cidade no torcicolo da bolação vejo os gatos no telhado e os asfaltados carros, atraz de duas cores, vendo a noite toda em azul e branco, verdade, que mais branca que noite, as cores do Santana não se mostraram e fiquei a ver o amarelo dos táxis que subiam trazendo tubos de onças e decaiam levando nó na garganta.
As siglas começaram a cantar na igrejinha mais o louvor do AK47 foi abafado pelo samba mundano do G3 do borel e nesse encontro de vocalizes o fio di-menor arrasta o bico do dragão, com dificuldade não consegue segurar o coice do aço.
Nas noites de serenata as amadas se enclausuram nos castelos rezando pela vida dos pequenos príncipes
O representante da orquestra manda buscar a sigla desconhecida para dar a nota final no arranjo
E com um som morto na partida de sua vida o céu é riscado com um réveillon antecipado mostrando que aqui os anos envelhecem rápido
No desconcerto do concerto caio no beco e como em uma ilustração de Escher subo querendo descer
E de vagarzinho desencontro-me de Wagim e perco o rumo descendo o labirinto que sobe, mais enfim a proteção da avenida são Miguel, meu arcanjo me socorre com uma coca cola e um canudo remando uma canoa de um galo.
E devagar os dentes mastigam o queixo barbeando a puberdade com dozes de realidades intensas
O sol mostra-se revelador e opressivo devagar os passos dessem o céu do Borel e a cidade me engole bem temperado

Nenhum comentário:

Postar um comentário